Diamaju e Biotran fecham parceria para oferecer o serviço de fertilização in vitro aos produtores de leite. As atividades devem iniciar ainda nesse ano. O anúncio encheu de ânimo as autoridades e produtores de leite que participaram, na noite da sexta-feira (05), de uma reunião preparatória para a 5ª FestLeite. O encontro ocorreu no ginásio da Associação dos Funcionários Municipais de Anta Gorda (Afumag) e reuniu cerca de 60 produtores que já participaram de alguma edição da feira. A coordenação foi do secretário de agricultura, Cláudio Moraes, com a pretensão de aproximar e fazer um primeiro contato com os produtores para a feira agropecuária (FestLeite) agendada para abril de 2014. Entre o que foi exposto, destaque para a notícia da implantação de um laboratório de fertilização in vitro (FIV) de embriões bovídeos em Anta Gorda. Jairo Casagranda, proprietário da Diamaju Agrícola Ltda, não pode estar presente em ocasião do casamento de sua filha. O anúncio foi feito pelo veterinário da empresa, Márcio Rosa, que explicou como é o processo da FIV e suas vantagens. Há cerca de um ano e meio, a vinda do veterinário para Anta Gorda teve o propósito de estudar a possibilidade de implantação da tecnologia para reprodução de bovídeos, aproveitando a qualidade genética existente na região. A expectativa de montar o laboratório surgiu ainda na 4ª FestLeite. “E eu trabalhando aqui, em apenas uma semana, notei o potencial para o negócio”, conta Rosa, que é natural de Rondônia. Ele acrescenta que não serão apenas produtores de porte grande que poderão aproveitar a tecnologia, o objetivo é democratizá-la entre os médios e pequenos também. A principal vantagem para os produtores de leite do vale será a melhoria genética do rebanho. Márcio explica que, pelo processo de transferência de embriões, já disseminado há mais tempo, uma vaca pode ficar prenha, em média, uma vez por ano, enquanto pela FIV algumas raças chegam a produzir 20 óvulos no mesmo período. “Nada mais é do que pegar as melhores vacas e multiplicar suas genéticas aspirando os ovários dos animais para tirar os óvulos e, em laboratório, fecundá-los com espermatozoides congelados de touros”, expõe o veterinário, fazendo um comparativo com processo de reprodução de proveta humano. O sêmen sexado (que possibilita a escolha do sexo) é outra vantagem perante o processo mais tradicional de inseminação artificial. A fertilização in vitro ainda permite o aproveitamento do sêmen de um animal horas após sua morte e vacas que não produzem e estão praticamente estorvando na propriedade, podem servir de “barrigas de aluguel” para receber óvulos já fecundados e dar a luz a outras com genética de qualidade. Com a FIV, a garantia de o bezerro nascer fêmea é de 85%, mas o produtor só pagará no momento em que tiver o resultado esperado. Se a fertilização produzir macho o processo é refeito sem custos adicionais. Segundo Rosa, a relação custo/benefício é excelente. “Hoje uma novilha do tipo holandesa PO ninguém vende por menos de 5 mil reais, enquanto para produzir esse animal, o custo médio será de 700 reais”, exemplifica. Para o empreendimento criar seu mercado, a Diamaju está firmando parcerias com sindicatos rurais e cooperativas. A previsão inicial é produzir 500 bezerros até o final do ano, sendo que o ideal é de, no mínimo, 2 mil prenhezes e a capacidade total é 15 mil ao ano. O ramo veterinário da empresa hoje já disponibiliza inseminação artificial e essa modalidade continuará sendo oferecida. No ano passado foram cerca de 10 mil doses comercializadas e o objetivo para 2013 é aumentar as vendas em 80%. Enxergando o potencial de mercado para a FIV no sul do Brasil e arredores, a Diamaju apresentou o projeto à Biotran – Biotecnologia e Treinamento em Reprodução Animal, empresa de Minas Gerais, que está há 18 anos no mercado e já treinou mais de 5,5 mil técnicos veterinários. A parceria resultará na instalação do laboratório é às margens da ERS 432, na Linha Terceira Moresco, onde atuará uma veterinária da Biotran, iniciando os trabalhos e treinando outros técnicos para que deem continuidade. Segundo Márcio, a Biotran já possui todos os requisitos para as partes técnicas e comerciais sendo líder no assunto em todo o mundo. Além do Brasil, possui laboratórios na África do Sul, na China, no Peru e na Colômbia. Gadolando nos preparativos para a 5ª FestLeite A correta forma de credenciamento do rebanho antagordense junto à Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando), para a 5ª FestLeite, acarretará em um novo levantamento junto a cada produtor interessado. Gilberto Cunha, técnico da entidade, comentou a importância da atualização para que seja possível o acesso e acompanhamento via internet do gado credenciado entre outros trâmites legais. Rebanho antagordense terá vacinador oficial Ainda na noite, o diretor do Departamento de Defesa Agropecuária (DDA) da Secretaria de Agricultura do Estado (Seapa), Eraldo José Leão Marques, fez uma explanação sobre a vacinação contra a febre aftosa e as metas para 2013. “Hoje o Rio Grande do Sul se diz livre da febre aftosa vacinando mais de 90% seu rebanho, mas quando formos fazer a sorologia, constatamos que só receberam a vacina, cerca de 70% dos bovídeos”, conta Eraldo. Por esse motivo, foi firmada uma parceria com a prefeitura de Anta Gorda, que será um dos municípios pioneiros a retomar a obrigatoriedade da vacina ser injetada nos animais por um vacinador credenciado. Segundo Marques, muitos produtores compram ou retiram a vacina nas inspetorias veterinárias gratuitamente, mas não aplicam nos animais para evitar alguma pequena queda de produção, esquecendo que as complicações podem ser maiores de a doença vir a se manifestar.
Anta Gorda