Região montará comissão para buscar melhorias para ERSs

Administração - Sexta-feira, 24 de Maio de 2019


Região montará comissão para buscar melhorias para ERSs “Estou pedindo socorro. Estou neste buraco para pedir socorro aos governantes do nosso estado.” Desta forma, dentro de um buraco da ERS-332, que a prefeita de Doutor Ricardo Catea Rolante se mostrou indignada com as condições de trafegabilidade da via. Ela integrou uma manifestação, no sábado pela manhã, motivada pelo acidente com a professora Cristiane Secco, na noite de sexta-feira, 17.A professora saiu da Escola Estadual de Ensino Médio Doutor Ricardo indo em direção a Encantado. Por causa de um buraco, perdeu o controle da moto que conduzia e acabou em um barranco à margem da rodovia. “Ela caiu uns cinco metros fora da estrada. Depois de uma hora e meia caída conseguiu mandar uma mensagem para a diretora, que a salvou”, relata o vice-prefeito Álvaro Giacobbo, que alfinetou o governador do Estado. “Na época do Sartori diziam que não era falta de recursos, era fluxo de caixa. Cadê o fluxo de caixa? Cadê este menino (Eduardo Leite)? Será que é incompetência, também? Nesta rodovia passa gado, erva-mate, carne, passa tudo. Eles não olham para a nossa gente, não olham para o Vale do Taquari.”O acidente foi estopim para o início de uma mobilização na busca de ações que possam representar a recuperação da rodovia. Uma reunião foi marcada para às 13h30min da próxima terça-feira, 28, no auditório da Prefeitura de Doutor Ricardo. O convite foi feito para prefeitos da região, Ministério Público, entidades e empresas. A pauta será a formação de uma comissão para organizar protesto, que visa o comprometimento do Governo do Estado para fazer o recapeamento das rodovias, sinalização e roçadas.Pelo menos duas matérias em vídeo, produzidas pela equipe do Eco Regional, evidenciam o péssimo estado de conservação da via. Foram 100 mil visualizações, com mais de 1,2 mil compartilhamentos e mais de 720 reações. Podem ser acessadas no portal do semanário: www.ecoregional.com.br e na página do Facebook http://www.facebook.com/ecoregional/videos Além da ERS-332, entre Encantado e Soledade, a ERS-435, entre Ilópolis e Putinga, está em péssimo estado de conservação, demandando ação por parte do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). O acidenteO acidente deixou a professora Cristiane Secco em uma situação delicada. Ela teve fraturas no fêmur e na coluna, tendo que ser removida para a capital. “Uma trabalhadora, uma professora está lá, nem Canoas vai atender. Ela precisa ir para Porto Alegre, porque está com o fêmur quebrado em vários lugares, porque atingiu a coluna, daqui a pouco fica de cadeira de rodas”, relatou com os olhos marejados a prefeita Catea. Cristiane passou, nesta semana, por duas cirurgias, no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. Na terça-feira foi atendida na parte do fêmur, apresentando boa recuperação. Nesta quinta-feira, seria a parte da coluna. O resultado do procedimento ainda não havia sido divulgado até o fechamento desta edição. Tapa-buracos Na segunda-feira, 20, o Daer iniciou a colocação de material em alguns buracos na rodovia, o que segundo a prefeita Catea não resolve o problema da região, já que as estradas em péssimas condições necessitando de um recapeamento de toda a rodovia. “Eu sinto vergonha de falar em tapa-buraco e, mesmo assim, a gente está se humilhando para um tapa-buraco. Isto é indignante, é triste, precisamos renovar o asfalto”, disse.Lideranças da região querem soluçãoIndignada com a situação, a prefeita Catea Rolante resolveu convidar seus colegas gestores e lideranças para buscar solução. “A participação e união da região é essencial para que tenhamos condição de trafegabilidade. Não podemos ficar nos humilhando para pedir um tapa-buracos que não resolve o nosso problema, em poucos dias a estrada fica ainda pior e a quantidade de buracos só aumenta”, convida.      Seu vizinho mais próximo, o prefeito Celso Casagrande, de Anta Gorda, confirmou presença. Admite entender a situação da falta de recursos do Estado, mas não concorda com a possibilidade que foi levantada pelo governo de assinar um termo de cooperação, em que os municípios poderiam arrumar trechos das rodovias. “Isto não tem sentido algum. Se eles não têm recursos, nós também não temos”, afirma. Acredita que deva ser feita pressão, mas que o Daer já demonstrou iniciativa ao começar a operação tapa-buracos. “Ainda é insuficiente, mas já é alguma coisa.”De Ilópolis, Edmar Rovadoschi se disse parceiro para acompanhar os demais chefes de Executivo para pedir melhorias, mas defende que se tenha cautela. “Tem município que nem asfalto tem. Além disto, o Estado não tem recursos nem para pagar a folha. Conversei com o secretário e ele disse que a parte que está pior deverá ser atendida. Então, podemos esperar um pouco. Não é porque o governo é contra o meu partido, que vou detonar ele.”Os representantes das entidades comerciais também demonstram descontentamento com a rodovia e apoio à iniciativa. Alysson Bertuol, da Associação Comercial de Putinga, se disse favorável a tomada de uma atitude. “A gente circula toda semana por ali. Não tem condições de tráfego. Este tapa-buraco não resolve nada. Eu mesmo estourei duas rodas do caminhão, no mesmo dia”, conta. Ele reforça que chega a parte crítica, que é o inverno. “A gente não sabe se está dentro ou fora da pista, porque não tem sinalização alguma”, acrescenta.Colaborador da Câmara da Indústria e Comércio (CIC) do Vale do Taquari, Valdacir Bresciani conta que o trabalho mais forte da entidade é na busca da duplicação das ERSs 130 e 129, entre Venâncio Aires e Muçum. “Já está sendo cogitado, inicialmente, entre Arroio do Meio e Lajeado, que é o gargalo, mesmo todos os municípios tendo pago o estudo ambiental em todo o trecho”, adianta. Em relação às rodovias da parte alta, deve encaminhar, para o próximo encontro, a solicitação de apoio. “Da outra vez levamos o assunto e a CIC manifestou-se sobre a fresagem feita entre Encantado e Doutor Ricardo”, recorda. A presidente da Associação Comercial e Industrial de Ilópolis, Luzia Tomasini, diz que a entidade de posiciona favorável a qualquer ação que venha de encontro para que sejam feitas melhorias na ERS, bem como na manutenção posterior. “Cidadãos se deslocam à procura de saúde, educação e, em especial, para fomentar o comércio e a indústria local. Sabedores que somos um centro de referência em produção agrícola, em especial de erva-mate, nossas empresas necessitam passar diariamente pelo péssimo trajeto, arriscando seus bens materiais e, em especial, a vida”, ressalta. Luzia reforça que a situação está insustentável. “Uma providência urgente precisa ser tomada, antes que mais tragédias aconteçam. Estamos, praticamente, ilhados, sendo que esta é a única via de acesso, sem mais alternativas para escoar e receber produtos e serviços em geral.” Daer aguarda tempo bomA 11ª Superintendência do Daer, que tem sede em Lajeado e é responsável pela rodovia, afirma que, tão logo o tempo volte a se firmar, a operação emergencial deve ser retomada, seguindo enquanto existir material disponível. A 435 será atendida, também, se existir material suficiente. Sobre a roçada, que foi apontada como um dos problemas da via, o Daer informa que a equipe responsável terminou um trabalho em Nova Bréscia, depois foi para Progresso, mas teve que interromper por causa da chuva. Assim que retomar e encerrar, será direcionada para a ERS-401, em São Jerônimo, e, então, para a parte alta do Vale do Taquari, fazendo todo o trajeto da 332. Para a sinalização ainda não há precisão de atendimento. Este é um serviço que é licitado pelo Daer, em Porto Alegre, mas a superintendência regional não tem informações de que tenha sido aberto processo licitatório.

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